RESUMO Enviado
Estudo
de três dimensões educativas dos caminhos-artes-marciais[1]
Fabio
José Cardias Gomes[2]
Marcos
Ferreira-Santos[3]
O objetivo geral da
pesquisa foi aprofundar compreensão sobre as dimensões educativas das artes
marciais. Relacionou-se estudos japoneses, capoeira angola e conceitos da
antropologia do imaginário em Durand (1960), da filosofia de Gusdorf (1975) e
do regime crepuscular das imagens em Marcos Ferreira-Santos (1998, 2008). Sobre a
capoeira angola partiu-se de vivências na linhagem do Mestre Gato Preto
(1929-2002), da convivência e entrevistas de história de vida com um
contramestre e um mestre desta escola. Dados foram coletados em São Paulo (Universidade
de São Paulo) e na Casa de Samba de Roda (Santo Amaro da Purificação, Bahia),
entre 2009 e 2011. Estudos sobre a capoeira ajudaram a posicionar o estado da
arte capoeirística, como o de Araújo (1998, 2004) e estudos recentes e
comparativos sobre artes marciais como o de Barreira (2004). Dos estudos
japoneses relacionamos o conceito clássico de ShuHaRi (relação discipular em três momentos: (a) imitar, (b)
desenvolver, (c) transcender) com as constantes tríades marciais, presentes
tanto no budô japonês como na filosofia da capoeira. Desembocou-se no modelo TEMPO tridimensional de compreensão das
artes marciais como caminho de vida, ou seja: 1) eixo corporal – Técnico e Estético; 2) eixo
racional-filosófico: Ético e
Ascético; e, 3) eixo Mito-POético – simbólico e mítico (do
imaginário e sua fantástica transcendental, marcial). Assim, a arte marciail
foi situada como uma experiência inerente e potencial do comportamento humano,
ou seja, com uma arquetipologia, possível de estudo comparado tal como as
mitologias, as religiões, as literaturas, em dimensões transtextuais e
transculturais, como em Giraud (1992). E a comparação se torna possível desde o
gestual, do filosófico e do simbólico, possibilidades ainda inexploradas na
literatura acadêmica. Assim, se inaugurou campo de pesquisa das artes marciais
comparadas e como derivado a biografia e compreensão da trajetória
antropológica (na esteira durandiana) de Mestre Gato. Em momento em que o
modismo das Mixed Martial Arts (MMA) se acentua, (f)racionalizadas nas
formas esportivas, desvinculadas da formação do caráter e de suas dimensões
espirituais, ou seja, na polaridade esportivização-espiritualização, o estudo
comparativo das artes marciais se posiciona como uma proposta de
remitologização das culturas marciais. Enfim, de uma arquetipologia e das
iniciações marciais, como arte. Pois, desde o templo Shaolin até os capoeiras
mandingueiros (heróicos, místicos e dramáticos), são as relações discipulares
que encantam a nossa imaginação de praticantes e amantes das milenares artes
marciais.
[1]
GOMES, F.J.C. e
FERREIRA-SANTOS, M. (2012). Estudos de três dimensões educativas das
artes caminhos-marcias. IN: SOUZA, B.J. e CÂMARA, H.C. Imaginário: Novos Desafios, Novas
Epistemologias. Coimbra-PORTUGAL: CIEDRA, 2012, p.105-116.
[2] Professor Adjunto e Psicólogo
Educacional na Universidade Federal do Maranhão, Doutor em Educação pela
Universidade de São Paulo-USP (BRASIL), Mestre em Psicologia pela Universidade
Nacional de Tsukuba (JAPÃO), Coordena o Projeto LIBER-ARTE. kironjp@hotmail.com +55(99)3072-2995.
[3]
Professor Associado de
Mitologia na Universidade de São Paulo-USP, Pós-doutor em Hermenêutica pela
Universidade de Bilbao-Viscaya (PAÍS BASCO), Doutor e Livre-Docente em
Filosofia da Educação pela USP, Líder do Projeto LAB-ARTE. marcosfe@usp.br
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