PROJETO Antologia de textos do CRI2i - sur l'Imaginaire - Cluj-Napoca, Romênia

Autores: Fabio José Cardias Gomes[2]
Marcos Ferreira-Santos[3]

Sobre o Homem, o filósofo Wilhelm Dilthey, desde o final do século XIX, propôs que não é possível conhecê-lo a partir dos mesmos pressupostos das Ciências Naturais. As Ciências Humanas, ou do Espírito, demandavam objeto-sujeito, objetivo-subjetivo e métodos apropriados. O ser humano e sua produção, segundo o filósofo, naquele contexto positivista necessitaram dos pressupostos da física para serem legitimados como objeto de estudo científico, mas careciam de compreensão encarnada em contexto sócio-histórico, e não mais de explicações baseadas nas leis de causa e efeito. A hermenêutica, de origem na exegese bíblica, se apresentou como possibilidade de interpretação do humano e seus signos para atingir tais compreensões. Foi o hermeneuta Gadamer que propôs que o método de compreensão seria o diálogo, sem controle do intercâmbio. Diversos autores da psicologia social, e sociólogos como Bordieau, se utilizarão do método hermenêutico da dialogia, por exemplo. Será Ricouer que retomará a discussão da dicotomia do explicar-compreender para as Ciências do Homem, ao propor uma continuidade entre ambas pela qual “a explicação informa a compreensão”, tal como bem notado em Wandelbaum ao adotar a noção de círculo hermenêutico na psicologia social. Para Durand, as hermenêuticas redutoras e as hermenêuticas instauradoras se constituíram como dois momentos desta construção, que desde o advento da psicanálise, da psicologia analítica até a antropologia arquetipológica que desenvolveu e desemboca no conceito intercambial e reversivo de trajetória antropológica. Conceito este que tenta explicar-compreender o hífen da polaridade psicológico-sociológico, ou natureza-cultura, ou pulsão-intimação do meio. Escolas que contemporaneamente coexistem para tentar compreender o pluriverso do humano. De acordo com Ferreira-Santos, o conflito dos diversos estilos hermenêuticos atuais, embora ainda com predominância psicanalítica e reducionismos psicológicos, complementam as óticas, ou nossos próprios múltiplos olhares, sobre uma natureza suposta ao Anthropo.      




[1] Artigo publicado: GOMES, F.J.C.e FERREIRA-SANTOS, M. (2012). Estudo de três dimensões educativas das artes caminhos marciais. IN: SOUZA, B.J. e CÂMARA, H.C. Imaginário: Novos Desafios, Novas Epistemologias. Coimbra- PORTUGAL: Edição CIEDRA, Impressão e Encadernação: Pantone 4 Ltda-Design, no ano 2012, p. 105-116. Impresso sob ISBN-978-989-9689-7-9, Depósito Legal número 345100/12.

[2] Professor Adjunto e Psicólogo Educacional na Universidade Federal do Maranhão, Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo-USP (BRASIL), Mestre em Psicologia pela Universidade Nacional de Tsukuba (JAPÃO), Coordena o Projeto LIBER-ARTE. kironjp@hotmail.com +55(99)3072-2995.

[3] Professor Associado de Mitologia na Universidade de São Paulo-USP, Pós-doutor em Hermenêutica pela Universidade de Bilbao-Viscaya (PAÍS BASCO), Doutor e Livre-Docente em Filosofia da Educação pela USP, Líder do Projeto LAB-ARTE. marcosfe@usp.br

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